Em declarações que se têm demonstrado polémicas, Isabel Alçada mostrou intenções de pôr em discussão uma hipotética medida para terminar com os chumbos nas escolas portuguesas.
Segundo a Ministra da Educação, as retenções “não têm contribuído para a qualidade do sistema” educativo. Estou convicta de que o facilitismo nas transições também não contribuirá para tal.
Penso que, primeiro, deve-se apostar na qualidade de ensino e no progresso educacional e, só depois de alcançados resultados positivos, considerar a implementação desta medida. Na minha opinião, o problema aqui relaciona-se essencialmente com uma inversão das premissas causa-efeito uma vez que acabar com os chumbos para que se assista a um crescendo das qualificações dos alunos não é a decisão certa. É necessário que saibamos a ordem pela qual devemos reger os nossos objectivos, e estes devem começar pelo investimento no ensino, criando condições para que os estudantes sejam bem sucedidos e mudando até a mentalidade daqueles que não sentem interesse pelo mesmo e só depois pôr a hipótese de acabar com os chumbos.
Infelizmente não estamos a passar por uma conjuntura política e economicamente viável para que o possamos fazer. (Receio até que não o consigamos num futuro próximo.)
Depois, julgo que acabar com as reprovações é algo que vai fazer crescer o facilitismo e incitar a descredibilização no sistema de ensino português. E digo isto porque o fim dos chumbos acaba por prejudicar os dois tipos de alunos: aqueles que trabalham e que acabam por não se distinguir por culpa deste facilitismo; e aqueles que vêem a sua vida escolar facilitada deixando de se esforçarem o suficiente, o que para além de contribuir para que haja pessoas qualificadas na teoria, mas não na prática, dá aos alunos a ideia ilusória de que estão verdadeiramente instruídos.
A verdade é que esta medida até podia considerar-se boa se aplicada num país que não o nosso, onde os alunos fossem na sua maioria (e com escassas excepções) realmente disciplinados e interessados na escola, onde a responsabilização pelas notas coubesse, muito em parte, aos Encarregados de Educação, e onde a escola fosse encarada de uma forma agradável, ainda que rigorosa. No nosso país (e no momento actual) não é mais senão uma utopia. Tenho de acrescentar que com isto não pretendo criticar os alunos portugueses, existem muitos que merecem todo o respeito pelo esforço e mérito que empregam, que devia ser recompensado sem ressalvas (o que com o fim dos chumbos será inexequível).
2 comentários:
esta medida é completamente estupida, a serio, como querem que haja sucesso escolar se esse sucesso é nos (lhes) basicamente entregue de bandeja? o certo é que nao vai existir sucesso nem tao pouco ambição pois terºao o futuro garantido, pelo menos ate um certo ponto. sao estes os seguidores que o pais esta a criar , é uma pena.
adorei o texto minha linda e adoro-te. grande beijinho *
- como chegaste até ao meu blog? historias-de-um-sonho.blogspot.com
CONCORDO COMPLETAMENTE
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