segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O fim dos chumbos (2ª parte)

Com isto, tenho de admitir que acho completamente insensato comparar Portugal aos países nórdicos no que concerne ao sistema educativo. É preciso ter em conta que se tratam de realidades sociais bastante distintas e julgo que esta podia ser uma comparação aceitável, apenas se vinda de alguém que não conheça a realidade das nossas escolas.


Se não vejamos… Queremos imitar os modelos dos países nórdicos? Então imitemos mas na sua totalidade, o que implicará profissionais que apoiem académica e socialmente os alunos, maior responsabilização dos pais nas notas dos seus filhos – estarão eles dispostos a tal? – turmas com um número inferior de alunos, entre outras. Para além disso, o 1% da taxa de reprovações de um país como a Finlândia faz-me tirar duas ilações. A primeira é que esta percentagem comprova que, na lei, os chumbos existem e, a segunda, é que a diferença advém de outras medidas, que não esta do fim dos chumbos.


Bem, se não vejo até aqui razões favoráveis que levem ao fim das reprovações, talvez vá de encontro àquilo que o dirigente da Fenprof pôs em questão. Estaremos nós perante uma “intenção de intervir no plano das estatísticas”? Se assim for, ficaremos diante um país que passa a ser mais qualificado no papel, o que não significa que o sejamos na realidade (uma proposta “para inglês ver”, suponho).


Também Lucinda Manuela, Vice-presidente da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação, faz uma afirmação com a qual concordo: “Se houver um bom acompanhamento dos alunos, no futuro não será preciso terminar com as retenções, estas deixarão de acontecer.” Acrescento só que se tal não acontecer será um sinal de que ainda não estaremos preparados para pôr em prática esta proposta.


Mas nem todos são contra o tão falado fim dos chumbos. Albino Almeida (Confederação Nacional das Associações de Pais) diz que “sem muito trabalho não é possível chegar lá”. Até aqui concordo… A questão é: por que não trabalhar para conseguir o sucesso escolar dos alunos, em vez de deturparmos a nossa realidade social com medidas educacionais utópicas que a meu ver só contribuem para a injustiça social?


Na minha opinião, acabar com os chumbos é ainda mais incompreensível tendo em vista que só reprova quem quer. Segundo o que consto, os alunos que têm dificuldades são, em norma, ajudados (nem sempre da melhor forma, é verdade, os apoios especiais continuam escassos). Portanto, muitas vezes aqueles que não atingem os requisitos mínimos por falta de interesse é que não transitam, o que com esta medida seria levar o facilitismo ao extremo.


Já ouvi algumas pessoas dizerem que não existe grande diferença entre um 9 ou um 10 na pauta e que por isso muitos alunos podiam ter o 10 para alcançar a positiva. O problema é que essas pessoas não sabem o que se passa nas nossas escolas porque, algumas vezes, quando um aluno tem um 9 é porque devia ter um 7 ou um 8, isto é, facilitismo já existe qb, agora é só generaliza-lo e torná-lo oficial (infelizmente, parece-me o objectivo).


Mais. Não concordo com a ideia de que as retenções contribuem para o desinteresse escolar do aluno e, por conseguinte, para o abandono da escola porque esse desinteresse surgiu (muito provavelmente) antes da reprovação. Em forma de conclusão, tenho a dizer que tudo isto só vem mostrar que não irá ser preciso muito para obter um diploma no final do 12ºano. Lamentável.

1 comentário:

Diário de uma adolescente disse...

os grandes textos da minha linda, sempre optimos! poe o da maça por favor :)
um grande beijinhoo